A PESSOA DO FERNANDO

Hoje é o seu dia meu querido e grande poeta.
Se houvesse uma máquina do tempo gostaria de te conhecer, sermos amigos de "porre" para que eu pudesse escrever os versos desconhecidos que não pudeste escrever  pela embriaguez. E depois, depois inventariamos um nome  para o autor de tais versos e você meu caro amigo, faria o mapa astral e assim saberíamos o que o universo destinaria a ele.
Sei muito pouco de Fernando Pessoa, mas gostaria mesmo de saber da pessoa do Fernando.
  
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CARTEADO

CASTIGO

TEUS OLHOS